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“Tempestade e fogo” - Parte 1 💨🔥

Por trás dos ciúmes, havia algo esperando para explodir.


Sempre fui ciumenta. Não aquele ciúme inocente, quase lúdico. Era ciúme bruto,

possessivo, que mordia minhas entranhas a cada olhar que ele lançava para outra

mulher. Um sorriso dele para alguém? Uma conversa casual? Eu já queimava por

dentro. Por muito tempo, achei que era insegurança, um defeito meu… mas, com os

anos, entendi que havia algo mais profundo, mais selvagem e inexplorado.

Foram mais de dez anos juntos — amando, brigando, transando, afastando, voltando —

numa relação marcada por altos intensos e abismos profundos. A família já duvidava

que um dia eu mudaria. E, honestamente, eu também. Mas o que ninguém sabia… nem

eu… é que às vezes o fogo do ciúme pode ser usado pra acender algo ainda mais

perigoso: o desejo.


Numa noite qualquer, decidimos sair. Dançar, beber, respirar outro ar. O plano era só

espairecer, tentar quebrar aquela rotina tensa. Mas não havia muitas opções de balada na cidade. E aí, meio por impulso, meio por ousadia, entramos numa casa que eu jurava jamais suportar: um clube liberal.


A entrada parecia discreta demais para o que guardava por dentro. Luzes vermelhas

filtradas por tecidos escuros, música pulsante, corpos que se moviam com uma

liberdade indecente. Era como se tivéssemos atravessado um portal onde o desejo era rei

e os julgamentos tinham ficado do lado de fora. Sentamos no bar. Meu vestido, justo e

curto, parecia ter sido feito para aquele lugar. Ele passou o braço por trás da minha

cadeira, sua mão roçando minha pele descoberta. Os olhares ao redor ardiam em mim como lâminas, mas, estranhamente, aquilo me excitava. Eu estava nervosa, sim. Mas havia algo mais… uma vibração, uma eletricidade, como se o meu corpo inteiro

estivesse esperando por algo que ainda não sabia nomear.


Foi então que ela apareceu.


Morena, corpo escultural, lábios vermelhos que sorriam como quem conhece segredos.

Ela olhou pra mim. Depois pra ele. Mas não com desafio — com desejo. Um desejo

quente e sereno, como o de quem saboreia um bom vinho antes de beber.

Meu estômago revirou. A insegurança gritou. Mas, junto com ela, algo novo crescia.

Uma curiosidade lasciva. Uma fome. E quando ele sussurrou no meu ouvido “Se quiser ir embora, é só falar”, percebi que não queria. Pela primeira vez, o ciúme me molhava.


Naquela noite, não fizemos nada além de observar. Mas quando voltamos pra casa, nos

agarramos como se fôssemos dois estranhos famintos. Me despi no elevador, ele me

prensou contra a parede, e gozamos antes mesmo de abrir a porta do nosso apartamento.

Descobrimos que ver e ser vistos tinha um gosto selvagem.

As visitas ao clube se tornaram frequentes. Começamos devagar. Um olhar mais

demorado aqui, um toque provocante ali. Gostávamos de provocar. De sabermos queéramos observados. Eu me sentia desejada, poderosa. E ele… meu Deus, ele parecia um homem novo. Mais viril, mais firme, mais… dominador.


A primeira vez que cruzamos a linha foi numa noite quente, num lounge mais reservado

da casa. A música era baixa, gemidos ecoavam ao fundo como trilha sonora de um

desejo coletivo. Um homem se aproximou — alto, simpático, seguro. Conversamos. Ele

fazia parte de um grupo mais experiente, e nos chamou pra conhecer a galera. Foi num

desses encontros que meu marido soltou seu primeiro comando libertino.


— Sobe um pouco o vestido… quero que ele veja a curva da tua bunda.


Meus olhos arregalaram, meu coração disparou, mas minhas mãos obedeceram.

Levantei o vestido, revelando a parte de trás da minha calcinha de renda, e senti o olhar

do outro homem me devorar. Meu marido ficou duro só de ver.


— Dança pra ele. — ele sussurrou, firme.


Quando o desconhecido passou a mão pela minha pele, foi como um raio. Me arrepiei

dos pés à cabeça. Meu marido olhava. Não com raiva. Mas com desejo. Um desejo tão

intenso que parecia me foder só com os olhos.


— Provoca ele pra mim. — ele disse. — Quero te ver se entregando, mas sabendo que é

minha.


Eu retribuí o toque. Com olhos fixos no meu marido, deslizei os dedos no peitoral do

outro homem, girei o quadril, e senti minha calcinha encharcar. Ele estava excitado. E

eu…


era puro fogo.

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